Eu me criei a trompasso dos atropelos da vida Acolherado na lida e nos costumes lá de fora Mas os lascassos do mundo me empurraram pra cidade Eu enfrentei a saudade da querência fui embora Que nem cego em tiroteio o povo andava perdido Mas por ser meio exibido entreverei na manada Continuo o mesmo taura só um pouco falquejado E não me sinto maneado no meio da gurizada
Sou grosso pra palanque e fino pra palito Não acho nada esquisito não cultivo preconceito Que vale é fazer festa com muita ceva e guria Pois fartura e alegria não é falta de respeito
Eu me destrincho pachola em qualquer festa de luxo Mas pra orgulho gaúcho não dou folga pra bombacha Cruzo o dedo peito estufado e qualquer bem com avenida Sempre de bem com a vida e quem me procura me acha E me enfurno num bailão quando chaquaio os meus trapos A mulherada quer papo e não rebolado me prende Sempre me sobra algum osso pra empeçar um reboliço Nem preciso usar o serviço do cateiro que se vende
Sou grosso pra palanque e fino pra palito Não acho nada esquisito não cultivo preconceito Que vale é fazer festa com muita ceva e guria Pois fartura e alegria não é falta de respeito
Não sou nojento pum trago bebo vinho e cana pura E o celular na cintura só vibra pra alguma gata Gosto de churrasco gordo, mas se a fome me provoca Me defendo com uma coca e um saquinho de batata Carrego pouco dinheiro uma aqui outra fataca Mas o bocó da guaiaca tá estufado de cartão Sou campeiro no povero amante do gauchismo E atraquei o modernismo na estampa de gauchão
Sou grosso pra palanque e fino pra palito Não acho nada esquisito não cultivo preconceito Que vale é fazer festa com muita ceva e guria Pois fartura e alegria não é falta de respeito