Compadre velho, boleia a perna do pingo Pendure os caco e pra diante vá passando Enquanto nós dois se cotovelemos num mate Teu pingo pasta, se rola e vai descansando O meu ranchinho é pobrezinho e não tem luxo Mas de comer, graças a Deus não falta nada Uma ponta de charque pra um carreteiro gaúcho E por sobremesa uma guampa de coalhada
Se a carne é cara, e não se come todo dia Então tem a miudeza que não se deixa de lado Um par de rim, tripa grossa bem cozida Também se come algum buchito sapecado Chegada a hora minha china vai pra cozinha E com perícia faz a bóia ligeirinho, Me mexe uns bagos com farinha de mandioca E um feijãozito misturado com toucinho
Se mata um porco, come carne e tira a banha Convida os vizinhos e proseia de tudo um pouco Chega um amigo, como meu velho compadre Então golpeio alguma gaita de oito soco Se dá uma vasa que a minha china vira as costas Falando baixo pro o meu compadre eu pergunto Tem feito algumas das proezas que tu gosta Diga compadre se tu tens chineado muito
Meio em cochicho, meu compadre me responde Lembra da filha mais nova da tia Raimunda Pois criou bunda, botou corpo e tá boazuda Me disse ontem que de ti tá barriguda Dou uma risada, as vezes me assusto de repente tchê De supetão, minha china chega, eu mudo o assunto Nem sabe o quanto compadre, hoje estou contente Fazia tempo que nós não mateava junto
Compositor: Jorandir Pereira de Souza ECAD: Obra #5833037 Fonograma #1619827