Zé Carreiro e Carreirinho

Consagração

Zé Carreiro e Carreirinho


Recebi uma carta quando ela eu abri
Vi que veio de longe de Araguari
Um convite de festa que era pra nos ir
Eu e o meu parceiro era pra seguir
Pra canta um desafio e se aprevinir
Que vinha uns violeiros bem longe dali
Ligeiros nos versos que nem lambari

Nós saímos bem cedo para aquelas campanhas
Cortamos atalho por trás das montanhas
Lá já me disseram vocês não estranha
A noticia daqui que vocês dois apanha
Pois o tal desafio tinha fama tamanha
Os homens chegaram contando façanha
Diz que é mais de cem desafios que eles ganha

A fama de valente estava esparramado
De espora e bombacha e o peito embolado
Falando tão grosso tão entusiasmado
Chicote no braço e um trinta de lado
Me pediu que eu tocasse um verso dobrado
Bati a viola bem arrepicado saudei os festeiros
E todos convidados

Pois tiraram a viola de um saco de meia
As mocinhas falaram que viola mais feia
Entraram berrando que nem uma sereia
Umas moda gritada que doía às orelhas
Pois pensou que com berro nós já desnorteia
Falaram burrada uma hora e meia
Cantava dançando igual porca na peia

Eles aproveitaram da nossa fraqueza
Entraram carcando fazendo proeza
Ganha o desafio eles tinham certeza pisquei pro
Parceiro vai ser uma surpresa
Conversa e garganta não paga despesa
Se eles nos versos não tiver destreza
A alegria dos homens acaba em tristeza

Eu chamei o festeiro dentro do salão
O senhor não arrepare da nossa expressão
Desafio numa festa é boa diversão
Mas eu não gostei desses dois folgazão
Eu notei que esses homens não tem instrução
Maltratar um colega sem haver razão
Eu preciso lhe dar uma boa lição

Esse violeiro alto eu comparo um mourão
E esse magrelo uma mão de pilão
O que tem a voz forte eu comparo um trovão
E o da voz mais fraca eu comparo um rojão
Que sobe um pouquinho com muita aflição
Vai soltando fogo fazendo explosão
No fim os dois vem arrebenta no chão

Esse foi um dos versos dos mais inferior
Não dei mais descanso para os dois cantador
Não sou estudado não sou professor
Mas sei meu lugar também dar valor
Não desprezo ninguém muito menos o senhor
Que vem de tão longe fazendo furor
Olhei no salão não vi mais os cantor

Compositor: Adauto Ezequiel (Carreirinho)
ECAD: Obra #3227379 Fonograma #1369716

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