Numa fria madrugada Eu arriei o meu picaço Fui fazer uma caçada No campo de Santo Inácio Num rancho beira da estrada Pra aliviar o meu cansaço Parei pra bebê uma água Conheci o velho Epitácio Era o rei dos cantadô, ai Que teve um triste fracasso
Seu moço, você está vendo Aquela viola empoeirada Faz dez ano que esse pinho Tá num esteio pendurada Dez ano atrás essa viola Sempre foi a minha enxada Eu com o meu companheiro Nós dois não tinha parada Toda semana cantava Levando a vida folgada
Cada dia uma cidade Sempre fazendo viagem Pra violeiro despeitado Bater com nós é bobagem Em modas de desafio Nós tinha grande bagagem Desafiava dia e noite Não levava desvantagem A fama do Nhô Epitácio Já estava em muitas paragem
Fizemo a última viagem Do lado do Itararé Quando bateu meia-noite Os campeão chamou no pé Cantamos o resto da noite Sem desconfiar da má fé O povo fingia alegre Dançando e batendo o pé Quando foi de madrugada Pra nós trouxeram café, ai
Seu moço, aquele café Foi verdadeira cilada A parte que nos trouxeram Tava toda envenenada Por eu não tomar café Me livrei desta emboscada Sei dizer que aquela gente Tava toda despeitada Os campeões que nós quebramos Tinha fama respeitada
No outro dia faleceu Meu parceiro de estimação Pendurei ali a viola E nunca mais botei a mão Esta viola é vitoriosa Nunca perdeu pra campeão Esta foi a última viagem Que enlutou meu coração Porque perdi meu parceiro Além disso é meu irmão, ai
Compositores: Adauto Ezequiel (Carreirinho), Alvim Ferreira da Silva (Fernandez) ECAD: Obra #27901 Fonograma #1656309