Zé Carreiro e Carreirinho

Vagabundo

Zé Carreiro e Carreirinho


Eu nasci como nasce qualquer vagabundo
Até hoje eu não soube quem foram meus pais
Cresci nas tabernas ao som das garrafas
Pescando de linha na beira do cais

Se almoço eu não janto, se janto eu não ceio
Pra mim é o bastante comer uma vez
Pra casa não levo nenhum desaforo
Visito a cadeia dez vezes por mês

Nas noites escuras se tenho dinheiro
Às vezes eu me enfio num grosso pifão
Se a noite é de lua me encosto na esquina
Cantando modinhas com meu violão

Lá pra meia-noite se o sono me aperta
Então eu me deito em qualquer lugar
E as pedras da rua é o meu travesseiro
E a porta da igreja me serve de lar

Se saio na rua disposto a brigar
Todos se intimidam da minha navalha
E assim vou vivendo sem era e nem beira
Gozando as delícias da vida canalha

Lenço no pescoço, cigarro no queixo
Chapéu desabado, viola na mão
Se encontro uma briga já vou provocando
E se topo, a poeira levanta do chão

Um dia fui preso por quatro soldado
Numa briga que eu fiz no bar do café
Valeu a firmeza que eu tenho no pulso
Valeu a destreza que eu tive no pé

Lhe dei uma pernada que o chapéu voou
Era levantar e tornar cair
Faço isto pra dar serviço à polícia
Até que a morte se lembre de mim

Compositor: Adauto Ezequiel (Carreirinho)
ECAD: Obra #34603 Fonograma #12700643

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