Velho carreiro ao parar de carrear Pra sua filha o comando ele entregou E aqueles bois se acostumaram com a moça De tal maneira que jamais ele encalhou
Podia estar no lamaçal mais perigoso Bastava ela dar apenas um sinal Pra se ouvir cocão gemer dentro do barro E os bois tirando o carro do terrível pantanal
Somente à moça a boiada obedecia Sem o seu grito o velho carro não saía Somente à moça a boiada obedecia Sem o seu grito o velho carro não saía
Um dia a moça adoeceu e aqueles bois Outro carreiro não queriam respeitar Era preciso que ela viesse à janela E desse ordens pra boiada caminhar
Até que um dia sem ouvir a voz da moça Puxaram o carro a passos lentos pela estrada Por ter levado o seu corpo num caixão Qual uma flor de estimação pra sua última morada
Este mistério ninguém sabe se não foi A voz da moça do além tocando boi Este mistério ninguém sabe se não foi A voz da moça do além tocando boi
Daquele dia tudo se modificou Tanta tristeza tomou conta do lugar O velho carro que era dela silenciou E a boiada nunca mais quis carrear
De sentimento por perder a companheira Foram morrendo um a um pelos currais Quem somos nós pra entender tamanha dor Como cabe tanto amor nos corações dos animais
Este mistério ninguém sabe se não foi A voz da moça do além chamando boi Este mistério ninguém sabe se não foi A voz da moça do além chamando boi
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositores: Floriovaldo Alves Ferreira (Creone), Jose Fortuna (Ze Fortuna), Joao Doracio (Carlos Cesar) ECAD: Obra #21629 Fonograma #710717