Gato Congelado e Lumbriga

Quanto Pesa

Gato Congelado e Lumbriga


Quanto pesa?
Brutos vieram aqui e não quiseram paz
Muitos tiveram aqui e só quiseram mais
Lutos me levam alí a andar pelo cais

Sente o peso do ar
Mesmo sendo sujo e obeso é o que me faz continuar
Nesse mundo velho e confuso que a qualquer hora
Pode acabar
Deixando o nada como tudo como todos, menos Deus
A fonte de esperança
Rezo não só pelos meus, começar pelas crianças
Junta tudo o que é seu, até o que menosprezas
Bota tudo na balança neguinho e me responde
Quanto pesa

Quanto pesa?
O barulho e o lixo da cidade
Quanto pesa?
O orgulho e o bicho da vaidade
Quanto pesa?
O ofício, o vício, a idade
Quanto pesa?
O amor, o rancor, a saudade

Todos os sentidos de dentro pra fora
Tem o seu motivo, não depois agora
Se é riso ria, se é choro chora
Só um mandamento, o espírito vigora
E o que vem de fora não aflora em mim
Vida aqui dentro até depois do fim
Os dias passados me forjaram assim
Cada dia bom valem mil ruins

(lumbriga)
No apagar da luz
O polegar num gesto amigável conduz
A esperança que no dia se mostra estável
No outro se reduz a desconfiança
Na balança quanto pesa?
A mistura do ódio e do amor
Do frio, do calor, da dor, do fervor
Com o sangue incolor que escorre
Das cenas de horror que correm como vírus
Sem direção como tiros
Me apego aos hinos e linhas que me confortam
Enquanto seres se entortam, não se importam
Com almas que se teletransportam
Gozam hoje e abortam no dia seguinte
Com todo o requinte
Me jogo faltando vinte lá fora
Garoa fina meia estima, bermuda, chinelo
Moleton de capuz
No prejuízo do siso que é só pus e amoxilina
Entre buzinas e sinas no cada um com sua cruz
Cruzo esquinas
Me recluso em rimas, versos, prosas
Me curvo em réguas rosas que me cobrirão
No hall da paixão, pela vida em questão
Rente ao chão sem ladrilhos escrevo
São aos filhos que virão
E feito leões protejerão os portões
Dando outra direção aos trilhos, não aos vagões
Eu vivo da direção dos trovões que cortam o céu
Ao contato do punho com a caneta e papel

A Deus o que é de Deus, a Cesar o que é de Cesar
O filho que se perdeu, carrego através da reza
O dia que amanheceu, me leva e o que me lesa
É saber o quanto pesa

Saio das ruínas em chamas em quanto todos
Carregam suas cruzes
Uma legião perdida na escuridão das luzes que
Reluzem opacas
Ao tempo que vejo punho serrados quebrarem
Facas
Rostos marcados suando sangue, omissão!
Quando olho cai mais um, é como bang bang
A Tv é de verdade como tang
O peso de um tiro, o último suspiro
Sob o peso da verdade só por isso não conspiro
Respiro veneno, mas devolvo soro
Pra mundo pequeno, trabalho e agouro
No plano terreno forte como um touro
Porém não de chifres
Ainda assim querem meu couro
Prata, pedras, ouro, cobre
E a vida ingrata dada aos pobres
Porém nobres de nascença
Eu vou torcer pra que a nossa causa vença!
Então siga sempre em frente, faça o que se deve
Carregar minha cruz só me deixa mais leve
Cuido do meu tempo, a passagem é breve
Saio da escuridão com os pensamentos claros
Como neve
Folhas do caderno quando arrancadas morrem
Ganja nos meus versos pra que meus
Neurônios torrem e transcendam
Folêgo e mato pra que as idéias ascendam
E luz divina pra todos que me entendam!


A Deus o que é de Deus, a Cesar o que é de Cesar
O filho que se perdeu, carrego através da reza
O dia que amanheceu, me leva e o que me lesa
É saber o quanto pesa

Compositores: Marcos Koga (Pg), Victor Makoto Oiwa, Edson da Silva Gomes, Fernando Nunes Borges
ECAD: Obra #33662304

Letra enviada por João Victor Pimentel Milfont

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