O rei Todo dia ele desce de tarde Vem ver os seus súditos Se está tudo em ordem Todo mundo caçoa do rei Ninguém mais leva a sério esse rei E o rei Superpacífico Não fica furioso Não manda prender Nem cortar a cabeça Na verdade nem liga Fica na dele Acena pro povo E vai descansar
O rei Ainda mora num grande palácio Em cima do morro Com toda a família real Já acabou a monarquia Faz tempo Ninguém mais vê função Nesse rei E o rei Superaltivo Não se precipita Fica na dele Ele sabe que rei é rei O resto é bobagem Se a coisa complica É o rei que resolve Só o rei é real
E eis que complicou Os poderes do mal Devastaram o país Um feitiço cruel Levou o povo à miséria Coisa séria Força maldita Faminto, o povo indagava: Quem fez isso com a gente? Quem é esse demônio? Que aparece nos sonhos Com um estranho enigma Qual é o rei que não morre E nunca envelhece E que é vitalício? Quem é que propõe um enigma Tão difícil!
O rei Em sua ronda diária notou O país esquisito Completamente parado Ninguém mais caçoava do rei Ninguém mais tinha raiva do rei E o rei Superdiscreto Não foi perguntando Deixou que aos poucos Se manifestassem Ficou esperando Com fé nunca vista Não era tirano Nem paternalista
Por fim Um menino lá Que sempre caçoava do rei Foi se aproximando E falando com a voz muito digna: Qual é o rei que não morre, meu rei? Nos ajude a entender esse enigma E o rei Supertranqüilo Pensou um pouquinho E com muito carinho Contou pro menino Que um rei que não morre E nunca envelhece E que é vitalício É só o reinício
E o encanto quebrou O país reviveu Seus momentos de amor O povo comemorou Com festa luxo e fartura E muito requinte Muita ternura Feliz, o povo indagava: Quem salvou nossa gente? Quem é esse rei momo? Todo clarividente Cauteloso e sensato De fato rei é um barato! E todos surpresos Como é que deu certo Como é que pode Um reizinho ridículo Tão esperto!