É a festa dos negros coroados No batuque que abala o firmamento É a sombra dos séculos guardados É o rosto do girassol dos ventos
É a chuva, o roncar de cachoeiras Na floresta onde o tempo toma impulso É a força que doma a terra inteira As bandeiras de fogo do crepúsculo
Quando o grego cruzou Gibraltar Onde o negro também navegou Beduíno saiu de Dacar E o Viking no mar se atirou Uma ilha no meio do mar Era a rota do navegador Fortaleza, taberna e pomar Num país Tuaregue e Nagô
É o brilho dos trilhos que suportam O gemido de mil canaviais Estandarte em veludo e pedrarias Batuqueiro, coração dos carnavais
É o frevo a jogar pernas e braços No alarido de um povo a se inventar É o conjúrio de ritos e mistérios É um vulto ancestral de além-mar
Quando o grego cruzou Gibraltar Onde o negro também navegou Beduíno saiu de Dacar E o Viking no mar se atirou Era o porto pra quem procurava O país onde o sol vai se por E o seu povo no céu batizava As estrelas no sul do Equador