Pedro Munhoz
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Toada Distante

Pedro Munhoz


Toada Distante
O moço que veio de longe
Abriu a cancela bem devagar
Tinha a poeira da estrada
E muitas histórias para contar
Falava das águas, das cheias
Do frio que havia pras bandas de lá
A seca rodeava seus olhos
E todo um silêncio pra se escutar
Iê boi, quem vem lá?

Quando a tarde caía
Na estrada se ouvia o gado passar
A Serra, a noite, os bichos
Aquele mugido e um chocalhar
O moço olhava pro céu
Buscava uma estrela, querendo encontrar
Vendo a Lua de perto
Um cinza prateado, sertão e luar
Iê boi, quem vem lá?

Depois, bebia silêncios
Mirava distâncias, a imaginar
Fazia rabiscos no chão
Dizendo: Menino, aqui vou ficar
Viola, gente reunida
Domingo juntava pra lhe escutar
Cantava tanta saudade
Mas outras saudades queriam cantar
Iê boi, quem vem lá?

E assim o tempo passou
O moço ficou, fez acostumar
Andava toda a vizinhança
Nem tudo é pra sempre e pode acabar
O filho, a mãe, a esposa
O trilho da vida, onde vai dar?
Seus olhos buscavam respostas
A estrada de novo a lhe perguntar
Iê boi, quem vem lá?

Das dores e das distâncias
O moço sabia como lidar
O peito guardava segredos
Partida faz parte, pior parte que há
Um dia o moço se foi
Não lembro a data, nem quero lembrar
O moço que veio de longe
Abriu a cancela bem devagar
Iê boi, quem vem lá?

Compositor: Pedro Munhoz Barbosa Filho (Pedro Munhoz)
ECAD: Obra #32074940 Fonograma #34214110

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