Consciência Humana

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Consciência Humana


A costela trava e o corpo congela,
Quando na madrugada você se tromba com ela,
Com a lanterna acesa encapada de cinza,
No olhar de fissura e na mente a malícia,
O corpo arrepia quando os faróis iluminam seu rosto,
E no momento naquele bairro me dá até desgosto,
Olhava na cara do cara que estava alucinado,
Na mira deles era eu me sentindo finado,
E no meu canto calado na madrugada na mira dos tiras,
Me senti a próxima vítima,
Sem dar nenhum motivo será que eu fui confundido?
“Aí filho da puta, vai mão na cabeça, mão na cabeça”,
Escuto gritos e tiros que eles dão pra me assustar,
E no momento eu vejo a morte passar,
E o desespero me põe diante do meu passado,
Me lembro daquelas pessoas que me aconselhavam,
Ai que saudade eu sentia da minha família,
E das palavras que a minha coroa me dizia,
Palavras que por mim foram todas ignoradas,
E mal sabia eu que eram palavras abençoadas,
E como eu, eu sei que existem outros filhos,
Que quando os pais falam eles não dão ouvidos,
E só se lembram das palavras quando estão em perigo,
Senti saudade do beijo e do leito da minha mina,
Do abraço dos meus irmãos, do aperto de mão dos amigos,
Meu coração disparava e eu pedia proteção,
Por que na lei da madrugada é vela preta no caixão.

Refrão:
A calada da noite é aliada da maldade,
E se trombar a polícia será que da morte escapa?

Aqueles homens que estão com os olhos estatelados,
Após ter batido no prato como acesso é fácil,
Com o narco estão lado á lado, da cocaína abusaram otários,
Se não seguram sua onda não atrasem meu lado,
Só basta um bem-bolado, no meu esquema eu não falho,
Eu não sou viciado, mas posso ser baleado,
E encontrado nas quebradas de São Mateus por que me acusariam,
Os filhos da puta te acusariam dos homicídios que cometeram,
Nunca estão conscientes, nunca se importam com a gente,
E fatos e fatos se acumulam e 1, 2, 3 se vão,
E você seria como muitos, mais uma vítima na madrugada,
E com certeza fariam o que já fizeram com outros,
Dariam sumiço no corpo e o desespero de muitas famílias,
Seria o sufoco da minha que me procuraria,
No IML, Necrotério e na Delegacia,
E não me encontrariam, nem quero imaginar como seria.

Refrão

Mas dizem que a esperança é a última que morre,
Mas a minha no momento já estava assassinada,
Pois era de madrugada e por zica eu tinha encontrado,
Com os assassinos da noite,
O meu corpo suava e todos posicionados,
Com os armamentos apontados, a maioria engatilhados,
No rádio amador um chamado,
“Atenção viaturas do 49ª DP, rebelião seguida de fuga”,
“Precisamos de reforços, QSL”,
“QSL positivo central, estamos a caminho QSL”,
E graças a Deus e ao Oxalá por eles fui esquecido,
Saíram descabelados na curva quase trombaram,
Sumiram na escuridão,
Continuei paralisado não acreditando no fato,
Por que são raros os casos de salvação,
Daí então eu pude definir o que é bom, o que é ruim,
E dar valor pra vida, lembrei da minha família,
Das trapalhadas, dos fatos, das baladas vazias,
Cheguei em casa sufocado, abri a porta do quarto,
E todos ali dormiam, isso me satisfez,
Em ver minha família a quem muito eu devo,
Pessoas que eu pensei que não veria outra vez,
Quando eu encontrei com os assassinos da noite.

Refrão.

Compositores: Gilson Bezerra de Oliveira (Wgi), Nisio Ferreira da Silva (Aplique), Adriano Mendes de Freitas (Adriano)
ECAD: Obra #1256404 Fonograma #17927567

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