Fui seguindo pra sempre na subida Já andei vinte léguas contra o vento Uma quadra sem porta e sem alento Nessa estrada só tem lugar de ida Cada curva parece conhecida Cada passo descreve a própria lei Nesse chão que a saudade derramei Tanta dor, tanto pranto, tanto gozo Me estiquei de um jeito preguiçoso Na primeira cadeira que encontrei?
Fui ao fundo de todo pensamento E segui sem intento e sem guarita No deserto onde só o tempo habita Eu ouvi murmurinhos pelo vento Vi as nuvens girando em movimento Aprendi a metade do que eu sei Até mesmo a mentira que inventei Me sorriu de um modo milagroso Me estiquei de um jeito preguiçoso Na primeira cadeira que encontrei?
Percorri com igual velocidade Sobre ruas e vales e sarjetas Revirei o que havia nas gavetas Quis apenas a lei da gravidade Aprendi no caminho da verdade Uma coisa que nunca esquecerei Me achei, me perdi, me deparei Tão diverso e tão maravilhoso Me estiquei de um jeito preguiçoso Na primeira cadeira que encontrei?
Ao final mais cansado e mais sereno Com os olhos repletos de visagens Tantas chuvas e tantas estiagens Da janela do trem, fiz um aceno E pensei como o mundo é tão pequeno Mas, também é maior do que sonhei Fui dormir inocente e despertei Tão criança, tão jovem, tão idoso Me estiquei de um jeito preguiçoso Na primeira cadeira que encontrei?
Compositor: Juliano Ferreira Holanda de Melo (Juliano Holanda) ECAD: Obra #3984367 Fonograma #2502309