Eu destinei um passeio Domingo muito cedinho Peguei o meu violão E fui pra o mato sozinho Descobri uma figueira Com os galhos cheio de ninho E passei a manhã inteira Embaixo dessa figueira Apreciando os passarinhos
Como eu tava achando lindo O viver dos passarinhos Se via perfeitamente Vir com a fruta no biquinho Se via quando eles davam No bico do filhotinho E eu ali estava entretido Com o viver tão divertido Da vida desses bichinhos
Depois veio o negro velho E também trazia um negrinho E este tinha uma gaiola E dentro dela um bichinho Perguntei que bicho é este Diz ele este é um canarinho Com este bicho que está aqui Nas florestas por aí Eu caço qualquer passarinho Cantava que redobrava Aquele pobre bichinho Parece até que dizia É triste eu viver sozinho Só porque eu fui procurar Comida pra os filhotinhos E fui tirar desse alçapão Hoje eu estou nesta prisão E nunca mais fui no meu ninho
Aí eu fui recordando O que já me aconteceu Há muitos anos atrás Que a policia me prendeu O juiz me condenou E depois de mim se esqueceu E eu pelo rádio escutava Quando os colegas cantava E aquilo me comoveu Então eu fui perguntando Quanto quer pelo bichinho Respondeu ele eu não vendo Eu cacei pra o meu filhinho Porém saiu uma voz Da boca do gurizinho E a gaiola custou dez Quem me der vinte mirreis Pode levar o passarinho
Comprei com gaiola e tudo Para evitar discussão E fui abrindo a portinha E abrindo meu coração E o bichinho foi saindo E eu peguei meu violão E num versinho eu fui dizendo O que tu estava sofrendo Eu já sofri na prisão Quem vai caçar de gaiola Pra ver os bichos na grade Deveria ser punidos Pelas mesma autoridade Porque o coração dos bicho Também consagro amizade O lei tu faça o que puder Mas os bichos também quer Ter a mesma liberdade
Compositores: Diogo Mulero (Palmeira), Leovegildo Jose de Freitas (Gildo de Freitas) ECAD: Obra #2283582 Fonograma #28427