esta calmaria que precede a tempestade este silêncio nas árvores esta calmaria é uma breve trégua vista sua camisa, calce seus sapatos aguardemos nossas tragédias
antes da chuva de sangue antes da chuva de sapos
tambores silenciosos, os tons surdos que enchem os olhos de lágrimas (sussurrando, anunciando) que hoje é melhor ganhar as ruas e passear sob as luzes dos postes compactuar com a velhice das ruas, sua alegria e dor
antes da chuva de sangue antes da chuva de sapos
era íntimo das ruas e as chamava pelo nome mundo pequenino, azedume póstumo é que hoje é melhor ficar em casa sob as cobertas e se esse prédio morrer e a cidade ruir? quando esse prédio deitar e a cidade dormir vem de volta o verde
antes da chuva de sangue antes da chuva de sapos
"pra mim, contudo, basta saber que embaixo do asfalto estão ali quietas, intactas, ocultas, as pedras aguardam o dia da convulsão final, o dia em que todos os paralelepípedos perdidos de granito reaparecerão"
depois da chuva de sangue depois da chuva de sapos
Compositores: Oswaldo Schlickmann Filho, Alvaro Cabral Amorim de Araujo (Alvinho Cabral) ECAD: Obra #1696978