Outro dia amanhece é território leste; Favela tumultuada; Com a morte o terror se veste; O instinto igual de um animal não importa o que seja; Pediu a resposta 2 x 0 a resposta é escopeta; Arrastou pra racha por um fim mataram; O sangue no canto da guia é pra nunca mais desacreditar; O muro mostra um encontro de poder sem dó; Premeditado calculando o pior; Que nada doidão o bagulho parece cena de filme; Cena de filme o caralho é real é de verdade; O arrombo no corpo cravou a dor visível na face; Ás dez e meia da manhã como conforto uma poça de sangue; Jornal, colocado por morador, um silêncio de um instante; Trabalhador que passa na rua para; Calafrio, também treme quando o pai sem maldade declara; Ainda bem que me filho estava preso; Sinal da cruz e que Deus ilumine a vossa caminhada.
Silêncio o sambista está dormindo; Ele foi, mas foi sorrindo; A notícia chegou quando anoiteceu; Escolas eu peço um silêncio de um minuto; O bexiga está de luto; O apito de pato nada emudeceu; Partiu não tem placa de bronze, não fica na história; Sambista de rua morre sem glória; Depois de tanta alegria que ele nos deu; E assim um fato se repete de novo; Sambista de rua, artista do povo; E é mais um que foi sem dizer Adeus. Silêncio, Silêncio.
Ontem foi Mestre BATUNADE infelizmente; Hoje é Pancho, Sabotage, muita saudade; O que aconteceu ontem no bexiga há hã; Hoje acontece em todas as periferias do Brasil; Eu agradeço ao Quinteto Em Preto e Branco; E á Madrinha do Samba Bete Carvalho; Por ter chegado somando junto com Consciência Humana; Nessa revolução, revolução que prova que; Nossos motivos para lutar ainda são os mesmos.
O poder que várias vezes manchou a quebrada de sangue; Desarmados seguidos de uma morte fulminante; O sonho que existia hoje já não existe mais; Abalado, sentimento por vários camaradas foi derrubado; Quer bater da mesma forma, causar os mesmos prejuízos; Pensamento violento, minha mente explosivo; Desde a faixa de idade igual de vários, minha, sua; Vejo na cara a escopeta, pura e crua; Lado leste a morte sem dó passa na rua; Espreita, quer o atraso, arma o bote, racha, derruba; Canhão que aparece, fumaça que sobe; Na frente abatido não respira o cheiro da morte; Uma mãe em desespero toca no corpo do filho finado; E se lembra na mesma hora pelo simples vestuário; Em vários pontos da cidade há casos semelhantes; Criminoso fardado sorri na verdade quer sangue; Chamar pra matar, executar na quinta levada; São só os primeiros do mês tem várias dessa dia á dia; Servidor público com acesso livre chegou ao hospital; Longe da cena do crime, bem suspeita a cena define; A prova é eliminada num boletim completo escrito; História distorcida já não existe indícios; O que era pra ser feito, foi feito surtiu o efeito; Criminoso desaparece e aparece mais um exemplo; Real, necrotério, prazo final; Camaradas, familiares, doenças, funeral; A coroa de flores, várias famílias a mesma dor; Lei da periferia, exterminar, esperar o pior; Agora peço ao Senhor que afaste a violência do morro; Que agoniza sem se quer ter algum socorro; Sonho em ver a população unida; Pois os polícias se unem pra matar os manos da periferia.
Descanse em paz Boy, Zezinho, Gilmar do Alvos da Lei; Que Deus o tenha, esse plano carnal ainda é nosso; Meu salve mesmo de lembrança, de saudade é pra minha mãe; Dona Tereza Cerqueira da Silva; Quero dar um salve pro Renato, pro Piriquitu, pro Tico que partiu pro plano espiritual; Futica, Tiu Jão, Tia Iái, Minha sobrinha Evely que Deus á tenha; Comunidade do Unidos do Morro pede um minuto de silêncio para o mano Roni; Comunidade do Raízes em nome do futebol de várzea de Taboão da Serra pede um minuto de silêncio para o mano Chocolito; Comunidade do Jardim Helena pede um minuto de silêncio para o mano Birão; Descanse em paz sangue bom; Aí diaí, aí Daniel do Rap estejam em paz.