Pra cantá de viola é preciso escola De vezes gabola de meia pataca Com chapéu alheio quer ir dar conseio Fazendo rodeio e batendo matraca
Será que não vê que o povo qué sabê De assunto pra lê e não carne de vaca Eu digo e sustento cabra de talento Não tem dois por cento marcado na praga
E desde pequeno nós vem combatendo Com muito veneno pior que jararaca Sei que essa lida é uma estrada comprida Nós não dá saída com modinha fraca
Num tom sonoroso somos caprichoso E nós canta gostoso se arguém nos ataca Negô fracassado apanha calado Nós somos aguçado igual ponta de faca
Pra não usar luto não seje matuto Que se vier à bruto arreia a bruaca Quem quisé crescê não pode engrandecê Tem que obedecê a linha das estaca
Pra cantá nós não treina somos igual chilena Quando tira a cena de mula veiáca Quando esses violeiro freqüenta a primeira Nós por derradeiro é que enche a guaiaca
Mesmo na escura nós dois faz figura E na hora mais dura nós não se embasbaca Com sinceridade de livre vontade Eu confesso a verdade no ponto de arpaca
E na mesma linha da profissão minha Não foge da rinha o galo da barraca No pinho eu sou rei já me considerei Com a madeira revéis que não solta cavaca
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositor: Nelson de Morais Filho (Neneo) ECAD: Obra #23200 Fonograma #2583434