Pedro Abrunhosa

Ilumina-me

Pedro Abrunhosa


Gosto de ti como quem gosta do sábado
Gosto de ti como quem abraça o fogo
Gosto de ti como quem vence o espaço
Como quem abre o regaço
Como quem salta o vazio
Um barco aporta no rio
Um homem morre no esforço
Sete colinas no dorso
E uma cidade p'ra mim

Gosto de ti como quem mata o degredo
Gosto de ti como quem finta o futuro
Gosto de ti como quem diz não ter medo
Como quem mente em segredo
Como quem baila na estrada
Vestido feito de nada
As mãos fartas do corpo
Um beijo louco no Porto
E uma cidade p'ra ti

Enquanto não há amanhã
Ilumina-me
Ilumina-me
Enquanto não há amanhã
Ilumina-me
Ilumina-me

Gosto de ti como uma estrela no dia
Gosto de ti quando uma nuvem começa
Gosto de ti quando o teu corpo pedia
Quando nas mãos me ardia
Como o silêncio na guerra
Beijos de luz e de terra
E num passado imperfeito
Um fogo farto no peito
E o mundo longe de nós

Enquanto não há amanhã
Ilumina-me
Ilumina-me
Enquanto não há amanhã
Ilumina-me
Ilumina-me

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