Eu saí de Aquidauana tocando minha boiada Com destino a Barretos saímos rompendo estrada Levei seis peão de classe pra ajudar nessa jornada Chegando no Porto Quinze ali fizemo parada Na beira do Pantanal eu resolvi fazer pousada
Quando foi a meia noite fiquei muito impressionado Lá no meio do pântano tinha um barulhão danado O grito de um peão, ai com um boi que tava arribado Também ouvi o berrante no seu toque repicado E o barulho foi sumindo pra aquele mundão largado
Regulava três e meia, já era madrugadinha Voltou de novo o barulho sem eu saber de onde vinha Perguntei o que queria porque medo eu não tinha Uma voz arrespondeu, dobrou a coragem minha Conheci que era a voz, ai do finado Batistinha
Essa alma do outro mundo comigo pegô falá Eu devo uma promessa que eu não pude pagá Na igreja da Aparecida de joeio nela entrá E beijar os pés da Santa naquele sagrado artá Quero que ocê faça isso pra mim podê me sarvá
Meu peito soluçou triste com esse gorpe doído Batistinha era um amigo que ali tinha morrido Dali eu segui viagem com aquilo no sentido Deixei meus peão pra trás e saí resorvido Na Aparecida do Norte fui fazê o seu pedido
Já cumpri sua promessa, fiz a minha obrigação Do jeito que ele pediu, fiz com fé e devoção Sua alma hoje descansa, no céu teve sarvação Eu carrego no pescoço para a minha proteção A imagem da Aparecida, protetora dos peão, ai
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositores: Francisco Gottardi (Sulino), Moacyr dos Santos ECAD: Obra #24160 Fonograma #258642