Quando eu era sitiante Lá no alto da cascata Eu tinha um burrão ligeiro Não precisava chibata As ferraduras batiam Que nem pica-pau na mata
Ali eu tinha fartura Um lavourão de batata Porco gemia na faca Gordura estufava a lata
Toda tarde eu escutava O coachar do sapo entanha No ronco da cachoeira O monjolinho na manha No dia que eu não caçava Eu ia fazer barganha
Só a noite que eu voltava Naquela boca de entranha Eu jantava escutando Onça urrar na montanha
Todo o final de semana Eu ia na pagodeira Com a morena mais bonita Eu sambava a noite inteira Eu parecia um cuitelo Num jardim só de roseira
Na viola que eu tocava Não usava braçadeira Em todas festas de reis Eu fui mestre de bandeira
Hoje moro na cidade Mas a vida não tem graça Não é como aquele tempo Que eu mostrava a minha raça Aqui eu vejo miséria Bagunça e muita arruaça
Lá na roça eu bebia Pinga fresca na cabaça Eu já fui caipira rico Hoje sou bobo na praça
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositores: Joao Benedito Urbano (Tiao do Carro) (SOCINPRO), Jose da Silva Martins (Ze Batuta) (SICAM)Editor: Fortuna (UBC)Publicado em 2003ECAD verificado obra #169371 e fonograma #1122324 em 10/Abr/2024 com dados da UBEM