Zé Fortuna & Pitangueira

Espelho do Tempo

Zé Fortuna & Pitangueira


Um moço adoeceu logo após o casamento
E só se salvaria se operasse com urgência
Mas perderia as vistas, e ele decidido
Preferiu ficar cego, mas salvar a existência

E pediu para a esposa que ficasse em sua frente
No derradeiro instante que perdesse a visão
Para ficar gravado na eterna noite escura
A imagem da esposa na sua imaginação

Ele foi operado e ao passar quarenta anos
Ainda ele guardava na memória aquele instante
E dentro da cegueira jamais imaginava
Que a esposa já não era mais bonita como antes

Um dia de joelhos os dois fizeram uma promessa
Pra que Deus lhe deixasse ver de novo a luz do dia
E deu-se um milagre ali naquele instante
Em frente a imagem santa os seus olhos se abriam

Ele que há tantos anos viveu sem a luz dos olhos
Esqueceu que em tudo a mão do tempo dá um fim
Suas garras traiçoeiras destroem sem piedade
A rosa que foi ontem a mais bonita do jardim

Julgando que a esposa fosse linda como outrora
Virou-se pra beijá-la, mas porém que desengano
Ali em sua frente viu uma pobre velhinha
Era sua velha esposa destruída pelos anos

Pensou fugir na hora, mas ao levantar o rosto
Viu dentro de um espelho a cruel realidade
Seu rosto também velho era o espelho do tempo
Mostrando para ele o caminho da verdade

E abraçando-se a ela soluçando arrependido
Como se ele tivesse de um sono despertado
Jurou seguir com ela a estrada da velhice
Deixando a mocidade para sempre no passado

Compositor: Jose Fortuna (Ze Fortuna)
ECAD: Obra #575345

Letra enviada por Pedro Paulo Mariano

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