Olha seu moço meu berrante pendurado Todo sujo empoeirado na parede do porão Há muito tempo eu ali dependurei Nele nunca mais toquei pra não chorar de paixão
Também meu peito já não tem força bastante Pra repicar o berrante e amenizar minha dor De uma saudade das estradas e poeira De uma vida boiadeira que pra mim já se acabou
Por que saudade machuca tanto? Nem do meu pranto você não tem dó E como dói, é torturante Ver meu berrante todo coberto de pó
Olha seu moço como dói meu coração Ver a minha profissão que não tem mais serventia Porque agora se transporta uma boiada Numa gaiola fechada em modernas rodovias
Não tem poeira, não tem grito de peão Não se ouve no sertão um berrante em surdina Por isso sinto no meu peito a grande dor O progresso me forçou a mudar a minha sina
Por que saudade machuca tanto? Nem do meu pranto você não tem dó E como dói, é torturante Ver meu berrante todo coberto de pó
Olha seu moço meu berrante no abandono Parece que não tem dono o seu toque emudeceu Quando lhe vejo os meus olhos enchem d'agua Remoendo minhas mágoas me pergunto quem sou eu
Eu sou aquele um antigo boiadeiro Um velho peão estradeiro sem cavalo e sem boiada Que ainda guarda um berrante pendurado Como um troféu polvilhado de poeira das estradas
Por que saudade machuca tanto? Nem do meu pranto você não tem dó E como dói, é torturante Ver meu berrante todo coberto de pó
Compositores: Marcos Candido Leal (Marcos Violeiro), Jose Wilson de Oliveira (J. Wilson) ECAD: Obra #7636546 Fonograma #6018761